Operação contra Comando Vermelho deixa Rio em “estado de guerra”

O Rio de Janeiro está vivendo um verdadeiro “estado de guerra”, nas palavras do próprio secretário de Segurança Pública, Victor Santos. O cenário resulta da Operação Contenção, que visa barrar o avanço do Comando Vermelho em favelas do estado.

A operação, conduzida pela Polícia Militar e Polícia Civil do Rio, já é a mais letal da história do estado, com 64 mortos confirmados até o momento, incluindo quatro policiais. Ainda segundo o secretário, os dados mostram a falta de apoio federal. A saber, o Rio tem quase 1900 favelas, é o quarto menor estado, mas o terceiro mais populoso. No total, 600 fuzis já foram apreendidos na mão de criminosos.

Nesse sentido, o governador Cláudio Castro (PL) também lamentou publicamente a ausência de auxílio do governo federal, citando a falta de blindados, de agentes das forças federais, de segurança e defesa em operações passadas. Devido às negativas, optou por não pedir ajuda federal desta vez. Em nota oficial, o Ministério da Justiça e Segurança Pública rebateu as críticas, informando que atende a todos os pedidos do Rio de Janeiro.

Lewandowski diz que Castro deve se responsabilizar ou “jogar a toalha”

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (28) que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), precisa “assumir as suas responsabilidades” ou “jogar a toalha” e solicitar uma intervenção federal ou a ativação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado.

No entanto, Lewandowski declarou que não recebeu nenhum pedido de apoio por parte do governo estadual para a operação realizada no Rio de Janeiro. Além disso, destacou que um dos requisitos para a implantação da GLO é o reconhecimento de falência dos órgãos estaduais de segurança.

“Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal. Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime”, afirmou Lewandowski em entrevista.

Oposição culpa Lula por não enquadrar facções como terroristas

A megaoperação que matou mais de 60 pessoas nesta terça-feira (28) no Complexo do Alemão e na Penha também repercutiu entre integrantes da direita.
A oposição lembrou que o governo federal ainda não enquadrou as principais facções criminosas do país como grupos terroristas.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) reagiu a um post no X sobre a reação dos criminosos à operação. Carlos culpou o governo Lula por não ter a iniciativa de enquadrar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas.

Já o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) recordou que Lula disse que “traficantes são vítimas dos usuários também”.

“Enquanto operações como a de hoje mostram mais uma vez ao País o tamanho da desgraça causada pelo crime, nunca se esqueça que Lula não quer combater as facções como terroristas. Não dá para esperar nada de quem chamou traficantes de vítimas dos usuários”, escreveu.

No Café com a Gazeta desta quarta-feira (29), abordaremos os desdobramentos da operação no Rio de Janeiro, bem como as trocas de acusações entre governo federal e estadual.