O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, e outros sindicatos da categoria por todo o país, têm recebido diversas queixas dos empregados da Caixa sobre as novas metas impostas no banco público.
“Estão propondo metas com curva de crescimento de mais de 100% de um mês para o outro. Algumas deveriam ter sido cumpridas desde o início do ano, mas a regra foi definida somente agora. E a Caixa ainda tem coragem de dizer que quem não conseguiu atingir o objetivo no primeiro semestre, pode corrigir agora no segundo”, afirma o empregado da Caixa e dirigente sindical Rafael de Castro.
A afirmação de que os objetivos não alcançados podem ser “corrigidos” no próximo semestre foi feita durante a apresentação do Conquiste (sistema de metas e avaliação do banco) em live para os empregados.
“E pior, existem metas que precisam ser cumpridas pelas lotéricas, e outras em transações dos clientes pela internet, que se não forem cumpridas, afetam o resultado da agência. Aí, o cliente chega no banco para contratar um financiamento, a gente precisa direcioná-lo para a lotérica, que nem sempre tem interesse. O cliente volta para o banco e a gente tem que fazer todo o processo e acompanhá-lo até a lotérica apenas para ele finalizar o procedimento”, explicou o dirigente da Contraf-CUT. “O mesmo acontece com transações pela internet, que fazemos todos os procedimentos pelo celular do cliente”, completou.
“Com isso, os já sobrecarregados empregados da Caixa realizam negócios e os direcionam à ‘rede parceira’ para finalização. Quem é remunerada e reconhecida é a ‘rede parceira’ por um serviço que não prestou, porque, o empregado teve que fazer isso para que sua agência não fosse penalizada”, critica a diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil. “E o empregado cai em uma armadilha, pois o banco utiliza estes dados para dizer que não precisa contratar mais empregados, pois os clientes estão utilizando os serviços de correspondentes bancários e realizando o autoatendimento pela internet”, acrescenta.
Para a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, a impressão é de que este tipo de meta é estabelecida por quem não tem nenhuma familiaridade com o cotidiano de trabalho na agência. “E ainda temos que ouvir elogios às redes parceiras, sendo que é a gente que executa todo o trabalho”, disse.
Seguros
Outra queixa dos empregados está relacionada com as metas de venda de seguros (Caixa Seguridade).
“As especificidades de cada agência, sua capacidade de produção e a falta de condições de trabalho não são consideradas. Gera-se uma grande demanda, que consome tempo de muitos empregados, mas que corresponde a apenas 5% do balanço da Caixa, enquanto no Conquiste chega perto de um terço. Além disso, muitos resultados não são sequer mensuráveis”, diz o diretor executivo do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e empregado da Caixa, Francisco Pugliesi, o Chico.
Crédito
Outro problema identificado pelas entidades representativas dos empregados está relacionado com as metas de contratos de financiamento.
“Além das características específicas das unidades não serem consideradas, o banco quer que os empregados ofereçam mais crédito do que o orçamento disponibilizado para este fim”, diz a dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e empregada da Caixa, Luiza Hansen.
De acordo com o apurado pela representação dos empregados, a meta de crédito está atrelada a venda de seguros e demais produtos agregados, como cartões. Como não existe dotação orçamentária para financiamentos, as unidades ficam impossibilitadas de cumprir a meta de crédito e também a dos produtos atrelados.
Ainda assim, mesmo que não sejam disponibilizados todos os recursos necessários, a Caixa não reduz as metas. Nem para contratos de financiamento, e nem para os produtos atrelados.
O novo Conquiste possui itens não mensuráveis como, por exemplo, o tempo de espera. Além da falta de empregados fazer com que a cobrança seja injusta, a Caixa sequer é capaz de mensurar o tempo de espera de forma adequada, já que o sistema não funciona.
“O orçamento necessário não existe, mas as metas desumanas, sistemas instáveis, equipamentos antigos, falta de orçamento para pagamento de hora-extra, retrabalho, falta de suporte operacional, falta de valorização continuam existindo”, disse Fabiana Proscholdt.
Para a coordenadora da CEE/Caixa, outro ponto fundamental a respeito dos objetivos determinados no Conquiste é a discrepância deles com a real necessidade e capacidade das unidades, gerando uma carência de significado para os empregados.
“Há muito tempo os objetivos não levam em consideração a capacidade de produção das unidades e muito menos sua vocação. O resultado desse absurdo é que unidades que atingiram a alta performance caem de classe porque as metas desconsideraram a sustentabilidade da própria unidade”, explicou. “Soma-se a isso o verdadeiro apagão de conhecimentos de CRR (custos, receitas e resultados) por parte das equipes de gestores das unidades (há anos não se faz um treinamento com os gerentes a respeito do CRR)”, completou Fabiana Proscholdt.
Próxima reunião
A próxima reunião da CEE com a Caixa para tratar sobre metas e o Conquiste está marcada para o dia 16 de agosto.
“Teremos muito o que conversar em nossa próxima reunião de negociação com a Caixa. E que seja uma conversa com seriedade, para que haja soluções, sem que o banco tente tapar o sol com a peneira e pare de prejudicar os empregados e a população, que sofrem com o desmonte provocado pela gestão passada”, avalia a coordenadora da CEE/Caixa
FONTE: SINDICATO DOS BANCÁRIOS